NOTÍCIAS

Governador Colombo reúne imprensa e apresenta Cássio Taniguchi, novo superintendente da Região Metropolitana da Grande Florianópolis


Encontro incluiu ainda a apresentação das soluções para a mobilidade elaboradas pela equipe do PLAMUS

05/02/2015

Imagem: James Tavares (SECOM)
Imagem: James Tavares (SECOM)

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, reuniu-se com a imprensa na manhã desta quarta-feira [04/02] para apresentar oficialmente as propostas elaboradas pelo PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis para a mobilidade urbana da Região Metropolitana de Florianópolis. A apresentação foi conduzida pelo vice-presidente da Strategy&, Carlos Eduardo Gondim, que expôs uma visão geral do projeto, as propostas de solução em análise no momento e as próximas ações planejadas. O Governador Colombo, acompanhado pelo secretário de Planejamento Murilo Flores, aproveitou o encontro para anunciar a nomeação do engenheiro e ex-prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, como novo Superintendente-geral da recém-criada SUDERF - Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis. O governador também revelou seu empenho para a criação da Secretaria Executiva de Mobilidade Urbana de Santa Catarina que, quando confirmada será também chefiada por Taniguchi.

“Estou muito otimista e esperançoso”, comentou Colombo. “O estudo é muito profundo e traz um diagnóstico real, elevando nossa margem de acerto”, estima Colombo. “Estabelecemos um cronograma com medidas de curtíssimo prazo, curto prazo, médio prazo e longo prazo, e temos os instrumentos na mão. Saímos do achismo para ter realmente um norte, além de termos as pessoas certas para a execução deste planejamento. Vamos dar todo o apoio e nos empenhar ao máximo para conseguirmos enfrentar esse problema de mobilidade que incomoda a todos”.

O coordenador do PLAMUS pela SC Parcerias, Guilherme Medeiros, também está confiante: “A Região Metropolitana da Grande Florianópolis começa com o pé direito. O PLAMUS acaba servindo como base para o desenvolvimento da Região Metropolitana no que tange à mobilidade e ao desenvolvimento urbano. Esse projeto pode passar a ser uma referência nacional, uma vez que a Superintendência de Desenvolvimento Metropolitano vai assumir esse papel de fazer a gestão e a articulação para implantar as propostas do PLAMUS. A chegada do Cássio agrega muito valor nesse processo pela experiência e conhecimento técnico que ele tem”.

O otimismo do governador e sua equipe com a integração de Cássio Taniguchi à equipe executiva é fruto da experiência profissional acumulada pelo novo superintendente. Além de Prefeito de Curitiba por dois mandatos (1997-2000 e 2001-2004), Taniguchi é Engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, e atuou como consultor em grandes projetos urbanísticos, tendo integrado equipes administrativas por todo o Brasil e também em ações internacionais em Porto Rico, nos Emirados Árabes, Japão, EUA e países europeus. Taniguchi já irá iniciar sua gestão frente à Região Metropolitana com apoio do vasto material técnico oferecido através dos resultados do PLAMUS. O estudo é proveniente de um Acordo de Cooperação Técnica entre o BNDES e o Estado de Santa Catarina, por meio da SC Parcerias, e foi desenvolvido por um consórcio contratado diretamente pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, por meio do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP). O consórcio formado pelas empresas LOGIT Engenharia, Strategy& e Machado Meyer Advogados, coordenou os estudos, levantamentos, análises e proposições que resultaram e um trabalho pioneiro no Brasil. Foi o primeiro estudo focado em mobilidade urbana com abrangência regional desenvolvido pelo BNDES por meio do FEP, e a expectativa do BNDES é que a metodologia possa ser aplicada nos demais municípios e regiões metropolitanas do país.

O PLAMUS realizou no último ano um levantamento de dados sobre a mobilidade urbana em 13 municípios da Grande Florianópolis: Anitápolis, Rancho Queimado, São Bonifácio, Angelina, Antônio Carlos, Águas Mornas, São Pedro de Alcântara, Santo Amaro da Imperatriz, Biguaçu, Governador Celso Ramos, São José, Palhoça e Florianópolis. As pesquisas foram realizadas durante o verão, para análise da movimentação na alta temporada de turismo e no período normal. Foram visitados mais de 5400 domicílios para entender o perfil de mobilidade das pessoas, além das pesquisas de contagem e fluxo de veículos em diversos pontos da região metropolitana e minuciosas pesquisas no sistema de transporte coletivo. O projeto também reuniu mais de 400 participantes nas oficinas participativas realizadas ao longo do ano e unificou em um só banco de dados georreferenciado, estatísticas populacionais, econômicas e variáveis complementares para obter um estudo que não fosse apenas sobre meios de transporte ou sistema viário, mas que levasse em conta além dos fluxos, todas as características envolvidas na mobilidade urbana. O estudo identificou, analisou e comparou as alternativas de solução possíveis e sua respectiva viabilidade quanto aos investimentos necessários, além dos elementos para captação de recursos, seja por meio de apoio do Governo Federal, financiamento direto pelo setor público ou mesmo pela iniciativa privada.

Resultados

O vice-presidente da Strategy&, Carlos Eduardo Gondim, expôs os resultados e soluções propostos pelo PLAMUS. Imagem: James Tavares (SECOM)
O vice-presidente da Strategy&, Carlos Eduardo Gondim, expôs os resultados e soluções propostos pelo PLAMUS. Imagem: James Tavares (SECOM)

Os resultados dos levantamentos realizados pelo PLAMUS apontam o altíssimo percentual de utilização de meios de transporte individual, como carros e motos, chegando a 48% em comparação com o transporte coletivo, com 24%, e os pedestres e ciclistas que somam 25% dos deslocamentos diários. É o mais alto no País. “Estamos muito acima da média nacional revelando um uso ineficiente da infraestrutura disponível”, ressalta Gondim.

Segundo demonstram os dados levantados pela equipe do PLAMUS, os problemas de mobilidade enfrentados atualmente têm origem, dentre outros fatores, no modelo de crescimento urbano com base na concentração de empregos e serviços no Centro da Capital, provocando grandes movimentos pendulares diariamente. Na travessia das pontes, por exemplo, 85% das viagens são de indivíduos que moram no continente e trabalham ou estudam na Ilha, e mais da metade dessas pessoas fazem esse percurso de automóvel ou motocicleta. Por outro lado, o sistema de ônibus nesse mesmo trajeto está subutilizado, operando com apenas 60% de sua capacidade. Segundo o especialista, estudos detectaram também características do sistema de transportes coletivos que levam à baixa adesão, como a irregularidade nos horários, a baixa frequência e a indução a deslocamentos desnecessários como, por exemplo, ao se realizar um trajeto entre dois pontos do Continente. Muitas vezes o usuário deverá, para isso, se deslocar até o Terminal de Integração do Centro – TICEN, onde terá que fazer uma baldeação para retornar ao Continente, no destino desejado. O tempo médio gasto nas viagens, relativamente a outras alternativas, como os automóveis, também foi identificado como um fator de forte desincentivo ao uso do transporte público. “Enquanto em média os deslocamentos em automóvel levam 30 minutos, o transporte coletivo tem o dobro deste tempo, 60 minutos. Está é uma grande penalização para aqueles que utilizam o transporte coletivo, o que certamente faz com que aqueles que têm como usar automóveis, se sintam altamente inclinados a fazê-lo. A consequência disto é um alto nível de utilização das principais vias da Grande Florianópolis por automóveis, levando à saturação nos horários de pico, o que significa na prática que qualquer anormalidade ou distúrbio resulta em grandes retenções e engarrafamentos no trânsito.” O vice-presidente da Strategy& também destacou outros fatores que induzem à escolha pelo automóvel, como as más condições observadas nas infraestruturas para pedestres e ciclistas.

Soluções para a mobilidade urbana da Grande Florianópolis

Para fazer face aos desequilíbrios detectados na mobilidade da Grande Florianópolis a equipe do PLAMUS indicou algumas diretrizes norteadoras:

- Adoção de um modelo de desenvolvimento orientado para o transporte, com base no adensamento e ocupação mista do solo ao longo dos corredores de transporte de alta qualidade, a serem estruturados;
- Investimentos num sistema troncal de transporte coletivo, nos moldes do BRT ou VLT, com novo modelo de transporte com qualidade, conforto e que atenda às necessidades da população da região metropolitana, considerando a criação de novos eixos de desenvolvimento no Continente para evitar os grandes fluxos pendulares;
- Investimentos em infraestrutura para pedestres, com redesenho de calçadas e criação de conexões entre vias e servidões no interior dos bairros;
- Implantação nas regiões centrais de São José, Biguaçu, Palhoça e Florianópolis dos modelos de “Ruas Completas” e “Zona 30”, com integração viária entre pedestres, ciclistas e veículos motorizados;
- Recuperação e expansão da rede cicloviária, com construção de aproximadamente 300 km de ciclovias integradas (além dos 64 km existentes) e servidas por pontos de apoio com serviços de aluguel de bicicletas, duchas e bicicletário;
- Adoção do modelo aquaviário como solução de curto e médio prazo, com papel complementar aos sistemas de transporte de média e grande capacidade.

Sistema de transporte coletivo troncal “2 H”

Ilustração: Divulgação PLAMUS
Ilustração: Divulgação PLAMUS

“2 H” é o nome que os especialistas do PLAMUS atribuíram ao modelo de sistema troncal integrado de transporte de grande capacidade entre os municípios da Grande Florianópolis. O termo surgiu da imagem evocada pelo traçado das vias que estabelecem novos eixos que visam reestruturar as relações entre os municípios margeados. O novo sistema ligará o Norte e Sul da Ilha e Norte e Sul do Continente, com uma conexão entre eles, criando uma forma parecida com a letra “H”.

Para garantir o crescimento ordenado da região continental, a proposta prevê a implantação de um novo eixo de transporte de média capacidade, no sentido Norte-Sul a oeste da BR-101, interligando os municípios de Palhoça, São José e Biguaçu, articulando as relações entre os municípios do continente, promovendo acessibilidade para as áreas além da BR.

BRT, VLT e Metrô: análise dos modais

Carlos Eduardo Gondim analisou durante a apresentação dos resultados do PLAMUS as principais opções de transporte coletivo de grande capacidade para atender às necessidades da Região Metropolitana, levando em consideração suas especificidades. “Em primeiro lugar, há a necessidade de se dar soluções para a população que de fato promovam uma migração de modais, do transporte individual para o coletivo, que mude a cultura das pessoas. Construir alternativas ao carro através de um transporte coletivo de qualidade, com eficiência e conforto. Também, um segundo ponto fundamental é que para fazer isso acontecer a gente precisa ter uma boa gestão, integrada e alinhada com todos os atores do sistema, a partir da Superintendência da Região Metropolitana. É fundamental que a gestão e a execução sejam bem coordenadas.”

Para reduzir o uso do automóvel através da adesão ao transporte coletivo, os estudos do PLAMUS apontam para a necessidade de se direcionar os investimentos para um sistema de transportes altamente eficiente e atrativo. Dentre as alternativas mais comuns em uso nos grandes centros em todo mundo estão os sistemas BRT (em inglês, Bus Rapid Transit), o VLT (sigla do Veículo Leve Sobre Trilhos) e o já conhecido Metrô. A equipe técnica do PLAMUS considera que investimentos em metrô absorvem pesados investimentos e requerem um grande fluxo de passageiros. “Esta não é ainda a realidade na Grande Florianópolis, e dadas as características de ocupação da região metropolitana e perspectivas de crescimento, é improvável que se atinjam os patamares de densidade populacional e demanda por viagens que justifiquem o investimento necessário”, argumenta Gondim. “Para quem busca o conforto oferecido pelo Metrô ou o VLT, o BRT é equivalente. Só que a um custo muito mais baixo e com uma velocidade de implantação mais interessante. Não se trata de um ônibus melhorado. É um conceito novo de transporte, com ar condicionado, conforto, segurança, regularidade nos horários, boa frequência e plataforma de embarque acessível, reduzindo o tempo de embarque. Além disso, o BRT é mais flexível porque não está atado a trilhos e pode ter suas rotas rapidamente expandidas ou alteradas. A maior diferença percebida pelo usuário será visual, na forma como o veículo toca o chão: no caso do Metrô e do VLT, será com trilhos e para o BRT, serão rodas. Não é esta a diferença que o usuário está buscando.”

A definição entre o sistema BRT e VLT na implantação do novo sistema de transporte coletivo está agora em processo final de análise. O superintendente da Região Metropolitana, Cássio Taniguchi, já adiantou que considera ser possível a opção por um sistema misto, com parte da rede atendida por veículos tipo VLT e outra pelo sistema BRT, entretanto é necessário se considerar a diferença significativa na necessidade de investimento e se optar de forma a maximizar o benefício total para a população. Taniguchi abordou um pouco de sua experiência em Curitiba, que é uma referência reconhecida mundialmente pela sua rede de transportes e modelo de desenvolvimento urbano.

O transporte aquaviário também foi debatido e, segundo o consultor da Strategy&, há desafios a serem superadas pelo modal. Uma dessas dificuldades é que, ao contrário de muitas outras cidades em que o aquaviário é um “atalho”, encurtando a distância dos deslocamentos, no caso de Florianópolis, pela configuração geográfica, o caminho “mais curto” para boa parte dos deslocamentos, continua ser as pontes.  Desta forma, considerando-se também outros fatores, como custos operacionais, a conclusão é que o transporte aquaviário pode ser importante, porém deverá ter um papel complementar no transporte coletivo, em especial nos principais fluxos, na região metropolitana. Gondim conclui: “Não descartamos a solução aquaviária, que está sendo analisada como opção para ser implementada num horizonte de curto e médio prazo como apoio ao sistema, integrada aos demais meios de transporte, enquanto as soluções que exigem maior tempo para implantação estão sendo providenciadas, e com um papel complementar ao sistema troncal, em especial em rotas em que o aquaviário efetivamente encurte as distâncias”.

Região Metropolitana

O superintendente Cássio Taniguchi ressaltou a importância da implantação das ações estruturantes de curto, médio e longo prazo apresentadas pela equipe do PLAMUS. Para ele o engajamento dos prefeitos dos municípios da Grande Florianópolis tem tornado possível o planejamento de uma agenda para construção de um sistema de gestão integrada. Pré-requisitos como reestruturação das concessões de ônibus no Continente, para incluir a nova visão integrada e metropolitana da mobilidade, por exemplo, estão sendo alinhados com os prefeitos das quatro maiores cidades (Florianópolis, São José, Biguaçu e Palhoça). “Além disso, o recém criado estatuto da metrópole melhorou as condições para operações urbanas consorciadas”, acrescenta Taniguchi. “Vamos buscar também uma ampla comunicação com a população, com os usuários dos sistemas de transporte, para colocar em ação soluções realmente atrativas e competitivas”, conclui.

A partir da nomeação do superintendente-geral, a SUDERF começa a se estruturar para implantar soluções que trarão benefícios para população no curto prazo. Ao mesmo tempo, o novo superintendente liderará o esforço para a execução efetiva de ações imediatas, para aliviar os transtornos vivenciados pela população, em paralelo com o desenvolvimento das soluções mais estruturais e definitivas, sempre buscando fortalecer a visão metropolitana, de forma integrada e alinhada com os prefeitos da região.


COMPARTILHE

Consórcio

Comunicação e Participação Social

Pesquisas

Cooperação Técnica

Estudo de Mercado

Transporte não-motorizado

© PLAMUS 2013 - Comtacti