Hélio Costa coordenou as oficinas do PLAMUS e expôs a síntese do que foi extraído nos debates |
São José sediou nesta quarta-feira (3), no Centro de Atenção à Terceira Idade do município, a primeira oficina de debates das propostas do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis – PLAMUS. Com os resultados das pesquisas realizadas ao longo do ano já consolidados e apresentados às autoridades, à imprensa e à sociedade civil, o corpo técnico do plano passa agora a discutir propostas concretas para solucionar a mobilidade em toda a Região Metropolitana de Florianópolis. O encontro desta quarta em São José foi também uma devolutiva às primeira oficinas com participação da sociedade civil realizadas no município, ocorridas nos dias 4 e 5 de abril. Foram nestas oficinas que os responsáveis pelo PLAMUS puderam conhecer melhor, ouvindo moradores e autoridades locais, as demandas, características e principais gargalos na mobilidade de São José.
Na primeira parte do encontro, o coordenador das oficinas do PLAMUS, Hélio Costa, expôs a síntese do resultado dos debates realizados em abril, que compuseram um panorama da situação da mobilidade em São José. Entre as principais questões a serem solucionadas na mobilidade do município, identificaram-se questões como a baixa frequência e a irregularidade das linhas no transporte coletivo, a baixa integração entre regiões urbanas e com outros modais, agravados pela percepção generalizada de que o transporte coletivo não se configura como opção atraente frente aos incentivos ao uso do automóvel. Além deste temas, Costa abordou também o descompasso entre a estrutura viária disponível e o volume de veículos em circulação, a insuficiência da rede cicloviária e as calçadas em mal estado ou com dimensionamento inferior ao necessário.
Arquiteto e urbanista Maurício Feijó foi responsável por apresentar o diagnóstico e as propostas do PLAMUS |
O arquiteto Maurício Feijó, consultor da LOGIT, uma das empresas que integram o consórcio responsável pelo PLAMUS, trouxe detalhes sobre as soluções abriu sua apresentação afirmando: “Um exército de pessoas é obrigado a vir todos os dias a Florianópolis para trabalhar. Precisamos criar empregos e fomentar o desenvolvimento em São José, Palhoça, Biguaçu e nos municípios do continente. Não se trata de diminuir a relevância de Florianópolis, que continuará sendo a Capital, mas de equilibrar o desenvolvimento”.
Segundo Feijó, as pesquisas apontam que a ponte Colombo Salles está com 99% de saturação no pico da tarde, em situação parecida à das vias que dão vazão aos fluxos advindos da Ilha. O arquiteto ressaltou, porém, que construir uma quarta ponte não seria a melhor solução para melhorar os deslocamentos Ilha-Continente, já que não há infraestrutura viária para distribuir os veículos que passariam por ela. “Alguém pode dizer ‘mas precisava de uma pesquisa para dizer que as pontes estão saturadas’? É claro que não, mas era preciso uma pesquisa para medirmos a complexidade do problema, as consequências dos deslocamentos e para termos embasamento para as propostas de soluções.
Algumas das sugestões do PLAMUS para aprimorar a mobilidade na região continental envolvem: adensamento de empregos e residências junto aos eixos e polos de transporte coletivo, concentrando a atração de viagens próxima à oferta de transporte; Promover diversidade de uso do solo ao longo dos eixos de transporte coletivo, de modo a criar polos de atração e geração de viagens para tornar as linhas do sistema mais eficientes, diminuindo a pendularidade à Ilha; fomentar oferta de serviços e oportunidades de emprego próximos às áreas residenciais, incentivando modais de transporte não motorizados. A proposta que viabilizaria esse cenário foi apresentada também por Feijó:
“Acreditamos que a melhor recomendação para a região metropolitana é criar um sistema troncal que nomeamos 2H, ligando Norte e Sul da Ilha e Norte e Sul do Continente. A ideia é aplicar nesse sistema troncal um sistema de transportes de média capacidade e estruturar eixos Norte-Sul a oeste da BR-101, que estruturarão as relações entre os municípios do continente, promovendo acessibilidade além da BR-101”, explicou Feijó. Para tanto, serão avaliadas diferentes opções de sistemas de média/alta capacidade, como BRT, VLT e Monotrilho, e as propostas a serem debatidas irão considerar a possibilidade de combinar mais de um dentre estes modais.
Dentre os participantes da Oficina de São José, estiveram Antônio Lemos Filho, do Fórum de Cidadania, o secretário de Planejamento, Bernardo Meyer, o ativista de ciclismo, Luiz Antônio Peters, Daniely Votto, da EMBARQ Brasil, Edson Cattoni, da GRANDFPOLIS e Ana Paulo Lemos de Souza, da secretaria de Segurança. |