NOTÍCIAS

Resultados preliminares do PLAMUS são apresentados durante Dia Mundial Sem Carro em Florianópolis


23/09/2014

Foto: Caio Barcellos
Mauricio Feijó, Guilherme Medeiros e Werner Kraus no Auditório da UFSC. (Foto: Caio Barcellos)

A data que marca o movimento global por alternativas ao transporte individual motorizado foi a escolhida para a apresentação dos resultados preliminares do PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis, nesta segunda-feira (22). No entanto, um dos destaques levantados pelo plano aponta que há um grande desafio pela frente, já que 48% das viagens são feitas em automóveis particulares ou motocicletas. Isto indica que a RM de Florianópolis tem a maior participação do uso do automóvel para a realização de viagens diárias do Brasil. O percentual catarinense ultrapassa a média nacional, de 32%, e de outras grandes do país, como Rio (21%) e, até mesmo, São Paulo (32%).

Esse e outros dados preliminares levantados pelo PLAMUS foram apresentados por Guilherme Medeiros, da SCParcerias, e Mauricio Feijó, da LOGIT, durante as atividades da III Circunferência de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis, realizado na UFSC. O professor Werner Kraus, parceiro do projeto pela UFSC, mediou as apresentações, que foram seguidas por seção de perguntas da plateia e participação do secretário de Planejamento de São José, Bernardo Meyer.

Resultados preliminares

O carro é a preferência dos catarinenses que vivem na RM de Florianópolis. De todos os deslocamentos realizados, 48% são feitos de carro ou motocicleta, 26% são realizados de ônibus, e 26% a pé ou de bicicleta. O percentual catarinense ultrapassa a média nacional, de 32%, e de muitas cidades globais.

“Esse protagonismo do automóvel está na própria lógica que as nossas cidades foram construídas. Os desenhos urbanos induzem o uso do carro por causa das grandes distâncias”, pontuou Feijó. Além disso, há pontos atrativos ao uso do carro, como a facilidade de estacionamento em locais públicos. “Cerca de 40% das pessoas que usam o carro costumam estacionar sem dificuldade e de forma gratuita nas ruas”, explicou.

false

A pesquisa Origem/Destino (OD) de verão apontou que 60% dos turistas também optam pelo automóvel para se locomover pela região. Na pesquisa OD realizada no período letivo foi detectado que os motoristas saem em vantagem em relação ao tempo de deslocamento, média de 30,7 minutos, em comparação aos usuários do transporte coletivo, que perdem uma média de 43 minutos em seus deslocamentos.

No total, 4.823 km de vias foram mapeados ao longo do estudo, o que possibilitou um panorama do sistema de transporte inédito na região. “Fizemos o mapeamento de todas as linhas de ônibus da região, algo que nunca havia sido feito. Essa modelagem vai nos permitir melhorar vários aspectos, como a informação ao usuário de forma digital e física. Informação ao usuário é uma carência do sistema hoje, e que pode atrair mais passageiros para o transporte público”, considerou Medeiros.

Um aspecto positivo foi o percentual de uso da bicicleta na RM, que corresponde a 4,1% dos deslocamentos diários. O percentual é maior do que a média nacional, de 3,6%.

Em relação à ocupação do solo, foram constatados pontos preocupantes à medida que as zonas residenciais se espalham, diluindo o adensamento. Enquanto isso, as oportunidades de trabalho ainda estão em sua maioria na Ilha, o que gera alto fluxo de deslocamento entre Continente e Ilha, diariamente, em horários específicos. “Este desequilíbrio é corrosivo para o sistema de transporte”, alertou Feijó que apontou a importância de se desenvolver novos centros urbanos, com facilidades, serviços e oportunidades.

false

Além disso, o especialista lembrou que não é justo o automóvel ter prioridade em relação às pessoas, uma vez que nem todos têm ou querem ter um carro. “Temos que entender a cidade como um espaço público, de todos. As pessoas precisam ter o direito de escolha de mobilidade. Isso é democracia” finalizou Feijó.

Saiba mais

A etapa de modelagem consolidada dos dados de pesquisa deve ser finalizada no próximo mês. A partir daí, serão realizadas análises técnicas criteriosas para o desenvolvimento de alternativas e apresentação de soluções sólidas à mobilidade urbana dos 13 municípios envolvidos. São eles: Anitápolis, Rancho Queimado, São Bonifácio, Angelina, Antônio Carlos, Águas Mornas, São Pedro de Alcântara, Santo Amaro da Imperatriz, Biguaçu, Governador Celso Ramos, São José, Palhoça e Florianópolis.

O consórcio responsável pelo PLAMUS é formado pelas empresas LOGIT, Strategy& e Machado Meyer, com acompanhamento direto do Governo do Estado de Santa Catarina e dos municípios da área de abrangência do estudo. O PLAMUS é o primeiro projeto apoiado pelo Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES com abrangência regional e com o tema mobilidade urbana.

Retrospectiva

O processo de criação do estudo, iniciado em janeiro, foi divido em diferentes etapas que, juntas, completam o mosaico do diagnóstico e da proposta de soluções para as questões de mobilidade da Região Metropolitana da capital catarinense. Relembre os passos do PLAMUS já executados até o momento:

Pesquisa Origem/Destino de Verão

O pontapé inicial das pesquisas deu-se logo no começo do ano, em janeiro, com a Pesquisa Origem/Destino de veraneio. Aproximadamente 3.200 pessoas foram ouvidas em 16 praias da Grande Florianópolis, dentro e fora da Ilha de Santa Catarina, na busca por informações que ajudem a entender como funciona o fluxo de turistas e moradores na alta temporada. Foi utilizado um aplicativo para recolhimento das informações em tempo real.

As praias da Barra da Lagoa, Santinho, Ingleses, Canasvieiras, Ponta das Canas, Jurerê, Mole, Joaquina, Campeche, Armação, Matadeiro, Pântano do Sul e Açores, Palmas, Pinheira e Praia do Sonho foram escolhidas como referência para a pesquisa por serem as mais visitadas durante os meses de janeiro, fevereiro e março.

 

Pesquisa Origem/Destino Domiciliar

Outra etapa fundamental do plano foi a Pesquisa Origem/Destino Domiciliar, quando aproximadamente 5.500 residências foram visitadas pelos entrevistadores do PLAMUS, no período de março a julho. Diferentemente da Pesquisa de Veraneio cujo foco estava em turistas e visitantes, a Domiciliar buscou analisar os hábitos de deslocamentos dos próprios moradores dos 13 municípios que integram o projeto. O objetivo das entrevistas foi entender quais os fluxos de viagem dos residentes da região e quais são os meios de transporte utilizados por eles.

 

Contagem de Tráfego

O corpo técnico responsável pelo PLAMUS realizou diversas contagens de tráfego em pontos-chave do trânsito de Florianópolis, como a Via Expressa e as pontes Colombo Salles e Pedro Ivo. Além de contar o número de veículos que passa pelo local determinado, identificando assim os horários de maior volume de tráfego, essa pesquisa contabilizou visualmente o número de passageiros dos veículos de transporte coletivo.

 

Linha de Contorno

A Pesquisa de Linha de Contorno foi realizada em junho nos municípios localizados no entorno da Capital, um processo que serve para identificar o perfil das viagens relacionadas com as regiões externas à área de abrangência do PLAMUS. O objetivo foi avaliar os efeitos destas viagens no sistema viário da região como um todo. Essa etapa do estudo é especialmente útil para observar a quantidade de veículos que passa pela BR-101 sem necessariamente ter Florianópolis como destino. No futuro, isso ajudará a estimar o volume de tráfego que será desviado pelo Anel de Contorno Viário, quando o mesmo for concluído.

 

Oficinas Técnicas e de Participação Social

O processo participativo sempre foi uma das premissas do PLAMUS. Nesse sentido, foram promovidas oficinas em diferentes regiões da RM com representantes da sociedade civil e técnicos municipais. Em contato constante com as prefeituras dos 13 municípios, o corpo técnico do PLAMUS visitou as localidades e promoveu reuniões onde foram compartilhados e recolhidos dados que ajudarão no diagnóstico final da mobilidade na região. Os encontros serviram para estabelecer um canal de comunicação com a sociedade civil, cujos representantes foram convidados a participar regularmente.

Também houve oportunidade de capacitação para os técnicos das prefeituras, que contaram com a participação de especialistas em diferentes áreas. O norte-americano Michael King, especialista em projetar ruas completas, e o engenheiro canadense Dylan Passmore são dois exemplos de convidados especiais que participaram de algumas das oficinas.

A população também foi convidada a apresentar suas propostas e a apontar os principais desafios de mobilidade através do Canal Participativo online, no site do PLAMUS.

Acompanhe aqui no site as próximas etapas do projeto e seus detalhes.


COMPARTILHE

Consórcio

Comunicação e Participação Social

Pesquisas

Cooperação Técnica

Estudo de Mercado

Transporte não-motorizado

© PLAMUS 2013 - Comtacti